quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Crescimento de 275% nas vendas de tablets no Brasil pode ser uma ameaça para os livros impressos?

          No segundo trimestre de 2012 foram comercializadas 606 mil unidades de tablets no Brasil, um recorde de vendas, segundo estudo da IDC Brasil. A previsão é de que até o fim do ano o número chegue à marca de 2,6 milhões de aparelhos e que até 2013 sejam vendidos cerca de 5,4 milhões. Será que todos esses números trazem à tona um cenário de novos hábitos das pessoas à influência tecnológica dos tablets e o abandono dos livros impressos?

          Com todo esse aumento do acesso das pessoas às novas tecnologias, a polêmica sobre se os tablets podem substituir os livros impressos ainda está muito em debate.

      Jean Paul Jacob, pesquisador da IBM na Califórnia, acredita que o tablet substituirá os livros impressos, e que as novas gerações vão se adaptar muito melhor a essa tecnologia. Ele prevê essa substituição desde 1990, e diz que o entendimento de um conceito será melhor captado através de links relacionados que possam ser acessados de um e-reader. Nicholas Wattenberg, estudande de Publicidade e Propaganda da PUC-Campinas compartilha da sua opinião:


       Já Suelen Fernandes, estudante de Letras da Universidade Estadual de Londrina, acredita na liberdade de escolha das pessoas na hora de escolher a melhor forma de leitura:



              O Professor da Tecnologia da Informação da PUC-Campinas, Leandro Xastre não acredita que os tablets possam substituir os livros impressos:


            Os tablets surgiram no início do ano de 2010, com o lançamento do famoso iPad da Apple e tem grande perspectiva de consumo na sociedade atual. Nada mais é do que um computador em forma de prancheta, em que por meio do toque é possível navegar na internet, além de ser uma forma de livro portátil eletrônico. Saiba mais sobre essa tecnologia aqui!



terça-feira, 2 de outubro de 2012

Época de eleições é sinônimo de melhorias e urbanização

                                                                                 Foto: Andrea Nunez
Pessoas esperam ônibus lotados no ponto da Av. Anchieta

Nos meses que antecedem as eleições já é possível observar aumento de medidas e projetos urbanos. Em pouco tempo, já se vê maior fiscalização de agentes de trânsito nas ruas, troca de ônibus velhos por novos, implantação dos ônibus BRT (Bus Rapid Transport) e inauguração do bicicletário em diversos pontos da região.

O BRT foi implantado em meados de julho e apesar de ainda não possuir corredores exclusivos, já está circulando nas ruas de Campinas, principalmente nos trajetos Ouro Verde e Campo Grande, regiões que possuem grande fluxo de pessoas. O bicicletário foi inaugurado no dia 22 de setembro em dois pontos da região, Taquaral e Barão Geraldo e permite o aluguel de bicicletas por 40 R$ mais 10 R$ de seguro podendo usufruir do benefício por 6 meses. A previsão é de que o sistema seja implantado em outros pontos da região nos próximos meses.

Apesar de tantas melhorias, existem àqueles que veem isso como oportunismo político, é o caso de Fabricio da Costa, estudante de Administração da Faculdade Anhanguera, que afirma que essa suposta preocupação com mobilidade urbana se mostrou bem ínfima diante de todo o caos urbano que uma cidade, do porte de Campinas enfrenta.

Para ele, a implantação do BRT não atende todas as regiões, apenas a periferia. Além disso, enfatiza que a falta de corredores exclusivos para esses ônibus gera lentidão, o que contribui para os engarrafamentos. Sobre os bicicletários, acredita que existem também poucos pontos que oferecem esse benefício na cidade todavia e que, além disso, acha o tempo de 30 minutos de aluguel insuficiente para uso específico para transporte, no máximo poderá ser utilizado para lazer. Outro fator que o desmotiva a usar as bicicletas é a falta de ciclovias seguras na cidade.

Por outro lado, Diógenes Cortijo, pesquisador e professor de Engenharia de Transportes da Unicamp, afirma que a implantação dos ônibus BRT é a melhor medida a ser adotada quando o assunto é mobilidade urbana. Ele acredita que por serem biarticulados garantem maior mobilidade a um custo razoável. Afirma que esse modelo foi exportado em Pequim, África do Sul, EUA, Canadá, Bogotá e México. Aqui no Brasil, uma cidade que já utiliza esse mecanismo é Curitiba e, assim como Fabricio da Costa, sustenta a ideia de que Campinas, como grande metrópole deveria possuir esse sistema em toda região e não apenas em alguns segmentos.

Sobre isso, já é possível observar certas melhorias e promessas. Nos debates políticos, bem como na sabatina realizada pela PUC–Campinas no dia 12 de setembro, no auditório Dom Gilberto, todos os candidatos, quando abordados sobre planejamento urbano fizeram promessas e sustentaram projetos como criação de ciclovias, bicicletários, instalação do Plano Diretor. Tudo isso, sem deixar de lado a preservação do meio ambiente.

                                                                    Foto: Andrea Nunez
              Candidatos fazem discurso em Sabatina na PUC-Campinas   

                                                                                 Foto: Andrea Nunez
Candidatos discutem propostas no auditório Dom Gilberto

Fazendo uma análise à longo prazo, Fabricio da Costa acredita que a implantação gradual do BRT em toda cidade vai contribuir para o aumento já exorbitante da tarifa de ônibus. Quanto aos bicicletários, constata que deverão ser deixados de lado pelos políticos, com a alegação de que Campinas tem problemas mais sérios que exigem medidas mais urgentes, que também não serão desenvolvidas e conclui "aí, quando estivermos próximos de um novo período eleitoral, haverá iniciativas rápidas, melhoras paliativas e que gerem números."

É curioso constatar que esses projetos já existem há um bom tempo desenvolvido pela própria EMDEC e Secretaria de Transportes e somente agora, em época de eleições se concretizaram efetivamente. Agora resta esperar, se após as eleições os projetos vão continuar com a mesma eficácia.

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Consumo varejista cresce 4% neste semestre em Campinas

Aumento do consumo pode ser verificado principalmente pelos incentivos financeiros do governo além das compras por impulso

            Em uma sociedade que incentiva o consumo e às pessoas a se adaptarem às novas tecnologias a todo momento, faz com que as pessoas comprem compulsivamente, sem se atentar as reais necessidades. Segundo Laerte Martins, economista da ACIC (Associação Comercial e Industrial de Campinas), isso pode ser constatado pelo crescimento de 7,30% na inadimplência de carnês com mais de 30 dias de atraso. O valor da inadimplência ficou em R$ 126,3 milhões em julho, em Campinas.
            Essa inadimplência pode ser verificada a partir dos dados de julho desse ano da ACIC (Associação Comercial e Industrial de Campinas) que constata um aumento de 10,85% nas compras a prazo e redução de 2,49% nas vendas à vista. Este é o caso de Keyla Guimarães, técnica de enfermagem, que afirma que vai umas duas vezes por semana ao centro e compra roupas sempre à prazo.
            Segundo dados do SCPC (Serviço Central de Proteção ao Crédito) o crescimento do consumo em Campinas foi de 4,73% no comércio varejista no acumulado de janeiro a julho de 2012 em comparação com o mesmo período do ano passado. De acordo com Paulo César Adani, Delegado do Conselho Regional de Economia, isso ocorre principalmente devido a incentivos do governo e ao aumento de ocupação e renda, que afirma ter melhorado desde a década de 2000. Para ele, o público A e B sempre foi um consumidor consolidado, só que agora, somado a isso, as classes C e até a D estão entrando nesse mercado e isso faz com que o crescimento seja maior do que o previsto.
            As grandes liquidações que shoppings e lojas de uma forma geral promovem também é uma forma de incentivo às compras, principalmente nessa época do ano em que se verifica promoções das roupas de inverno. O Shopping Iguatemi, por exemplo, do dia 2 a 5 de agosto promoveu o “3 ½ dias de loucura” com promoções de até 70% de desconto em roupas, calçados, eletrônicos e muitos outros. Abaixo é possível assistir a um vídeo de como estava a movimentação de pessoas no domingo, dia 5 de agosto:


Para o economista, a maioria das pessoas compra por impulso, já que afirma que muitas famílias - de todas as classes sociais - não são precisas nos seus gastos. Ele constata que, ao comprar por impulso, o orçamento estoura, o crédito do sistema bancário das lojas também fica comprometido e é aí que o aumento da inadimplência se verifica.
Outro fator que tem aumentado o consumo das pessoas é a redução do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) que o governo promoveu recentemente. Para Adani, se o governo diminui o preço dos produtos por conta do IPI e facilita o crédito, as compras se potencializam, depois o segundo passo é saber se os cálculos familiares para essa compra foram adequados, se não vem a inadimplência de novo.
      O gerente de vendas, João Carlos, afirma que o principal fator do aumento das compras e consequentemente da inadimplência é o incentivo ao crédito, já que isso facilita as compras a prazo e o consumidor acaba por se endividar. Mas, enquanto os consumidores veem essa situação como um problema, para João Carlos, como gerente de vendas, essa situação é satisfatória “é muito melhor os clientes que não pagam em dia a fatura do cartão de crédito ou pagam o mínimo do que aqueles que pagam, porque aproveita a situação dos juros que são altos”.
          Por outro lado, alguns consumidores economizam e administram suas compras. Esse é o caso do consumidor Mauro Carvalho, supervisor de produção que afirma ser o seu consumo proporcional ao ganho e dá preferência a compras à vista para não perder o controle do cartão. E até outros consumidores, apesar de se autodenominarem compradores compulsivos ainda preferem pagar à vista pelo receio dos juros altos, como a Anália Pereira, comerciante em Campinas, que afirma comprar muita roupa e sapato, mas nunca fazer compras a prazo.
O economista Paulo César Adani finaliza afirmando que a solução básica para evitar dívidas é fazer um cálculo preciso e estabelecer um elenco de prioridades de compras, sempre levando em conta a renda de cada família e principalmente evitar as compras por impulso.

sábado, 5 de maio de 2012

Sem Título!

   Imprecisão, que palavra estranha..Me faz pensar em IMposição e DECISÃO. Seria então uma decisão imposta? Nunca me disseram que essa palavra era um dos defeitos ou qualidades (depende do ponto de vista) que me caracterizavam. Mas ultimamente eu mesma comecei a pensar nela - a palavra- e percebi que talvez esteja passando por uma fase imprecisa. 
  Sempre fui muito prática, objetiva, racional, mas nos últimos anos isso foi mudando. Agora acredito ser mais emocional, apesar de não ter perdido minha essência. Continuo tendo muita certeza do que quero, mas existem momentos que te fazem questionar isso, sinto que é proposital, para te testar (sim tô falando do cara mais conhecido como Deus) e ver se você é forte suficiente para lidar com as intempéries da vida.
  Eu assumo que talvez esteja parada em alguma fase desse "jogo". Sabe aquele clichê de olhar 2 ou 3 caminhos e ficar na dúvida de qual caminho seguir? É, mais ou menos isso. Porque percebo que uma escolha, por mais pequena que seja pode alterar todo o rumo da sua vida. Tem gente que não percebe isso com tanta facilidade, mas eu tenho MUITO medo disso. 
  Como gostam de me dizer, eu sou obcecada por planejamento! E se as coisas não saem como planejado, eu surto! É verdade, eu enxergo isso... Mas estou trabalhando nisso, sem chegar ao extremo também de me tornar alguém com aquela filosofia ridícula do "Carpe Diem". Não existe um futuro bom sem planejamento, esforços, quer dizer, só se você for muito sortudo ou muito rico pro papai bancar você pro resto da vida! Mas como não é o meu caso e nem minha pretensão ser sustentada por outros eu sigo em frente.
  O grande Y da questão é no momento em que entram em contraposição dois fatores: a certeza das coisas que quero na minha vida X as coisas não serem como eu queria que fossem. 
Imaginem a Amèlie Poulain, ela cria um mundo todo, uma história com sua imaginação bizarra e consegue achar explicações estapafúrdias para as coisas que poderiam ser tão mais simples. Eu sou assim! 
  Mas não pensem que estou totalmente perdida, eu sei qual a solução, porque é óbvio! Ela está bem à minha frente, acenando para mim. E ela é: preciso entender que as coisas nem sempre saem como planejado, e principalmente, que terei que abrir mão de certas coisas, para ter outras, muito mais valiosas e significativas.
  Mas isso leva tempo, e não se consegue sozinha, né?

  E volto a salientar frase que postei e criei esses dias no facebook:

  "Motivações, certezas, sonhos palpáveis...Sem isso os contrastes que antes eram inúmeros vão se perdendo na escassez de cores"

  Ótimo dia a todos!


sábado, 23 de abril de 2011

Cap 5: Início

Seu perfume ainda no casaco dele. Seu batom ainda marca sua camisa branca. O mundo em preto e branco começa a ganhar cores. Não parece mais tão pálido. E até aquela manhã de sábado inesperadamente cinza, anunciando chuva frágil, de repente se rendeu ao sol e sua luz revigorante. Em sua mão, uma xícara de café. Em sua boca: um sorriso pueril – simples agradecimento aos céus. Para um anúncio, uma prévia do que viria a acontecer.

Proust tinha razão. As lembranças são mais fortes e claras quando estão envolvidas em perfumes, embebidas em doce perfume. Toda vez que ele inspira a Srta Incógnita no seu casaco, imagens vêm a sua mente como que num passe de mágica. E então, num flash, ele consegue senti-la, quase poderia tocá-la. Recorda-se...desde cada abraço reconfortante – que ela tanto adora – até sua inquietação na fila. Sim, ela mal podia se conter. Vez ou outra, os dois ficaram se olhando diretamente até ela disfarçar – cena que se repete ao longo da noite -- e mexer no seu cabelo. Aliás, na dúvida, ela sempre mexe no seu cabelo sedoso. Quando começou aquele mútuo interesse, hein? Qual é o marco zero disso tudo. Tenta lembrar.

Ele ali, somente observando. Quando decide buscar sua suposta fila, logo ela aparece para lhe fazer companhia. Não o quer distante. Não vê a hora de entrar naquele bar e aguardar o momento. Chega a temer a não entrada dele devido à fila. Contudo, no fundo, ela sabe que não está a sós com a ansiedade. Ambos desejam e anseiam expor seus sentimentos de uma forma tangível naquela noite.

Entram no bar e logo vão buscar cerveja. Garganta seca. Na verdade, ela ainda fica indecisa por um tempo entre tomar tequila logo de cara ou pegar leve inicialmente com uma Heineken. Prefere beber a cerveja antes. E a banda já está no palco, pronta para as primeiras notas. Encontram um lugar teoricamente mais sossegado. O momento não está longe. Ele sente que ela já não se esforça tanto para não demonstrar interesse, já que fica ao lado dele o tempo todo. Por vezes, durante a conversa, ela chega perto para falar ao ouvido e ele faz caretas. Fica surdo. O ato é repetido algumas vezes e retribuído – sem intenção – posteriormente. Ela diz: “Ahh, não vou falar mais então”. E ele: “também não é assim...rs”. Os dois riem um para o outro. Claro, nada proposital. Aquele fotógrafo deveria ter aproveitado essa chance. Depois, num filme qualquer, ele ouve que a paixão, além de deixar as pontas dos dedos mais sensíveis, eleva a intensidade da audição quando os interessados estão próximos. Acha a explicação um tanto quanto engraçada. Mais algumas músicas. Assim, sua mão tão próxima a dela ; se esbarram. Ela não pensa duas vezes e meio que, automaticamente, sem olhar para trás, a segura firme. Mãos dadas. Então, ele continua curtindo o show como se fosse o Malcolm Young do AC/DC: batendo o pé no chão e bebendo sua Heineken. Entretanto, os dois sabem perfeitamente que o show – por melhor que seja – não passa de mais um coadjuvante nessa história. Ela diz que vai buscar seu amigo de longa data, José Cuervo. Os dedos continuam entrelaçados. Ela o trás consigo até o balcão. Ele fica ali, só vendo seu prazer em engolir o delicioso néctar. Voltam. A hesitação típica dela se esvai continuamente. Agora, está apertando as mãos dele e acariciando-as. Quer um abraço. Abraçados estão. Ele atrás dela. Levemente, ele beija seu ombro esquerdo e fica um tempo com a cabeça ali. Desnecessário dizer que ela quer manter o controle a todo custo, mas neste caso ela não o faz por prepotência e sim para incitar um clima que culminará em êxtase. Ele já entendeu o recado há muito tempo. Está gostoso assim. A pressa não é bem vinda ali.

Enquanto ela conversa algo com sua amiga e uma estranha que – parece – caiu de pára quedas no lugar, permanecem de mãos dadas. Em resumo, não se soltam por nada.

Ela inicia uma dança bem devagar. Lentamente, os dois vão parar próximos de uma mesa. A Srta Incógnita decide por fim se utilizar de sua mais recente “arma”: impetuosidade. Precisa aprimorá-la. A estratégia prossegue e então, ela vira-se. Frente a frente. Deixa a garrafa na mesa. Agora são os olhos que se cruzam e revelam que ambos estão desarmados. Ela sorri, desvia o olhar e abaixa a cabeça. Corpos balançando. Corpos abraçados. Um corpo. Uma eletricidade vai irrompendo através de cada célula viva. Ela o olha novamente. Ele acaricia seu pescoço com os lábios. Estes buscam seus irmãos. Breve esquiva. Sorriso. Longo beijo. Arrepiante. Ardente. Batidas de coração deixam o som ambiente em segundo plano. Ele a sente segurando seu queixo. Ele afaga seus cabelos. Quando voltam a se encarar, ela espera por uma feição sedutora e séria. Sedutora sim, mas:

- Você ri – sorrindo – Fica rindo.

- Hahaha...não dá prá evitar. Eu to feliz!

Ela quer dizer algo em seus ouvidos, mas ele repete uma careta:

- ... não grita...—calmo.

E ela como num gesto meigo:

- Ahh, desculpa.

- Tudo bem. – Com cara de idiota.

Novo abraço. Desejo de ficarem ali até serem expulsos.

Um beijo degustado aos poucos. Ele morde seu lábio inferior, não resiste. Reciprocidade no ar. Rostos próximos. Respiração vívida, quente. Os lábios se provocam. Para lá e cá. Aqui e ali. Sem se tocarem. Curtem a respiração um do outro. Mesmo ritmo cardíaco. Querem extrair o máximo daqueles momentos. Ele morde novamente o lábio dela. O prazer que ela sente é inenarrável, tamanha a volúpia do próximo beijo seguido por uma mordida forte no lábio dele.

- Tenho que ir ao banheiro – ela diz.

- Eu também.

Do mesmo ponto. Ela quer dançar. Ele a admira e chega mais perto para acompanhá-la.

- Hummm....você dança?Hahaha! não acredito! – Solta, surpresa..

- É claro que eu danço. Hahaha...

Ela se volta, apóia as mãos nos ombros dele e diz, olhando para cima, pensativa, prevendo todas as possibilidades:

-- Nossa...você dança mesmo.

Olhando para ele:

- Fiquei surpresa agora.

Ele apenas sorri.

Outro beijo. Ela se desequilibra.

- Aiii...vou cair, hahahaha.

- Não vai não. Eu to aqui – apoiando-a.

- Vou deixar uma marca.

Bela marca. Só depois em casa, ele percebe o vermelho em sua camisa branca. Ri sozinho.

Hora de ir. Cedo. Ficariam, facilmente, até às 10h, ele pensa; e encontra abrigo na face disposta dela. Muito cedo.

- Vai ficar? – Ela questiona.

- Sem você? – indisposto – jamais. Vamos.

Agora, a voz dela está, ligeiramente, mais rouca. Ele se delicia com isso, já que é uma das coisas que mais gosta nela. Srta Incógnita se expressa devagar, gesticulando.

Lá fora, um beijo de despedida breve, afinal:

- Não quero deixar ninguém esperando.

- Eu sei – Carinhoso.

- Vai com cuidado. Volta bem – atenciosa.

- Pode deixar – tranqüilizando-a.

Em casa, assim como ela, ele é invadido por dúvidas. Relembra a empolgação dela pré-bar. Nem sente fome e se tivesse algum dom mágico, ela teria acelerado todos os relógios. Sua curiosidade a impele a constantes incertezas, que a levam a mil perguntas. Sabe que ainda falta muito a conhecer, mas parece estar de braços abertos para receber o mundo dele. Um mundo que, gradativamente, recebe novas nuances de cores presenteadas por ela. Uma estrada se ilumina.

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Cap 4: Uma noite especial

O dia parece longo, a espera pela noite é compartilhada por ambos. Expectativas perpassam a cabeça dele. Empolgação toma conta do corpo dela. Ao longo do dia eles nem se falam e veem com tanta freqüência, mas isso não quer dizer que um não apareça no pensamento do outro. Parece que surgem pretextos desnecessários para um procurar o outro, e apenas fazer uma provocação aleatória. Eles gostam disso, e quem está em volta até percebe esse envolvimento, não tem como não notar.

Ela quer aproveitar a noite, e ele também, a seu modo preto e branco de ser. Talvez ela traga cores de diversas tonalidades para o seu mundo. Ele não parece querer recusar esse arco-íris.

Um convite, uma forma de pagamento, um ambiente diferente. Antes disso, um ensaio, na casa dele, o filme precisa ser melhorado. As falas de repente são esquecidas, na verdade elas parecem desnecessárias no contexto, e mais ações que não estavam no roteiro aparecem. Cadê o diretor pra botar ordem nas encenações? Não confiaria nos atores como os próprios diretores. A racionalidade às vezes desaparece, precisa de alguém de fora. Algum amigo envolvido na história talvez, um fã? Quem sabe..

Mais tarde, em outro ambiente não tão distante, o café foi substituído pela tequila mágica. O álcool fez a bebida ferver o corpo dela e embaralhar seus pensamentos. Dessa vez era o momento perfeito, a batida incessante deu o impulso que faltava.

Ele já a fitava, seus olhos cheios de desejo a queriam. Ela fingia não perceber, mas estava bem atenta aos movimentos. Um aperto de mão, olhares sugestivos, abraços, beijos no pescoço de repente relembra conquista. Inesperadamente ela se aproxima mais, provoca, ele não se contêm. A atração foi maior que o medo de rejeição. E dessa vez a rejeição não veio. O beijo foi intenso, longo. As batidas dos corações ecoavam mais do que a música que envolvia o ambiente.

Os corpos estavam muito próximos. Ela o abraça. Ela gosta disso, sente como se nada a pudesse atingir, uma espécie de conforto, proteção, segurança. O medo que ela talvez sinta não é um só, abrange muitas coisas e vai além da sua subjetividade. Nem ela sabe dizer o que ao certo.. Confusa, esse seria seu sobrenome perfeito.

Ele se revolta por ter tantas dúvidas ao seu respeito na cabeça, mas ela frustra-se também, por também não saber responder a maioria das perguntas sobre si mesma.

Enquanto isso, quando finalmente seus lábios se desgrudam relutantes a música volta ao normal. Ela resolve dançar, ele encosta na parede, põe habitualmente suas mãos no bolso e se delicia observando-a. Apesar de que, surpreendentemente ele a tira pra dançar, ela não esperava isso dele. Percebe que tem muitas coisas que ainda não sabe a seu respeito, e sinceramente não tem pressa de descobrir.

A noite passa rápida demais, e nenhum dos dois quer isso, se pudessem parar o tempo, seria algo a ser pensado. O encanto da lua os envolve mais ainda, e muito antes do esperado ela tem que partir. A marca do seu batom fica impregnado em sua camisa, assim como o beijo fica marcado em sua boca.

Em casa ela relembra os acontecimentos da noite passada. Dúvidas e incertezas invadem seus pensamentos.

Ela não é tímida, isso não combina com ela, mas ele consegue fazer com que ela perca a fala. O jeito que ele a olha é tão intenso que faz com que ela seja, de certa forma, obrigada a desviar o olhar. Mas ela paga na mesma moeda, nesse jogo em que não há vencedores nem perdedores, ela o insulta intrigando-o e fazendo-o sentir na pele o mistério que nele mesmo pairava. Será castigo?

Ele, em sua casa, também pensa, repassa os episódios, e com sua memória inigualável relembra cada palavra dita por ela, cada gesto, olhar. As cenas passam como um filme em sua mente, e uma idéia capciosa surge.. Decide fazer uma proposta a Morfeu. Trocar de lugar com ele por uma noite, e adentrar na mente da Srta Incógnita, desvendar seus sonhos, entender seus medos. Quem sabe assim descubra as “verdades” que tanto tiram seu sono. As dúvidas são muitas, e ela fica na defensiva para não revelá-las.

No sonho ele encontra duas frases ditas por ele e que a impressionaram de alguma forma, uma delas: “Você tem medo de se apaixonar”, ela sabe que não é isso que sente, pelo menos não no sentido literal da palavra. Talvez não seja medo a palavra certa, pode ser receio. Mil coisas passam pela cabeça dela, a situação não é tão simples quanto pode parecer, envolve passado, anseios. E ele não vai desvendar assim tão fácil.

Outra frase que se destacou na viagem pelos seus pensamentos foi sobre a apreensão dele de como seria a atitude dela após o episódio, questionava-se se ela fingiria que nada tivesse acontecido. Por quê as pessoas sempre pensam isso dela? Ela aparenta ser assim? Fria, calculista.. Essa mesma ‘estrategista’ é aquela que chora desesperadamente em filmes de romance. Nem todas as pessoas tem só uma face a ser mostrada, e com ela não é diferente.

O próprio F.C. 28 em poucos dias mostrou faces variadas a Incógnita, tudo propiciado pelas horas de conversas na madrugada. Ele se apresenta por capítulos assim como seus roteiros, e ela sente confiança de se mostrar também, aos poucos. Qual a previsão de tempo para toda essa descoberta? O universo pode conspirar a favor, ou não..

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Cap 3: Divagações

- Aiii...que friozinho maroto!

Ele sorriu:

- Só um minuto. Já volto.

Ele Volta com um casaco aconchegante. Ela abre seu sorriso. Sem preço. Tudo o que ele quer.

Ela: Ahhhh...obrigada.

Ele: Sorriso sarcástico? Não, desta vez. Nada mais do que pura satisfação.

- Bom, agora tenho que ir mesmo – ela lamenta.

- Eu sei – sorrindo.

E ela segue sorrindo a rua naquela manhã gélida. Ele demora a entrar. O corpo dela já desapareceu do seu campo visual, entretanto, ele detém o olhar na mesma direção. Reflete. Baixo. Chão. Alto. Tantas perguntas sem respostas o deixam em parafuso. Pobre Sr. 28 misterioso. Quem diria, hein? Refém do próprio mistério.

- O que significa tudo isso? – solta.

Contudo, tem algumas pistas. Ela não gosta de correr riscos – sua hesitação premente indica isso. Talvez algum medo, receio a contorne o tempo todo, ajudando-a a manter seu instinto de auto-preservação intacto. “Hesitar, evitar, não desejar...”?

- O que significa tudo isso? – Erguendo a cabeça com os olhos fechados. Inspira o ar enregelado a fim de amainar o calor do seu corpo. Assim permanece por alguns minutos. Pessoas passam do outro lado da rua, curiosas. Então, abaixa a cabeça lentamente, abre os olhos e volta para dentro. Mais café. Senta-se no sofá.

Degusta seu café com diversas conjecturas que fulguram em sua cabeça. Pode ser medo de se apaixonar. Relembra duas frases dela: “não sei se acredito”, “não confio em você”. Temor de não ser correspondida? Alguém pode tê-la magoado o suficiente para tal comportamento e, portanto, este seria legítimo. Se ela não confia, logo, acaba por colocar sob a mira da dúvida qualquer frase ou ato dele. Ele não almeja possuir a chave do universo...não é presunçoso a esse ponto. Deseja, sobretudo, encontrar um meio de revelar o quão prazeroso foi, por exemplo, sentir o toque de suas mãos ; o entrelaçar de dedos mesmo que por breves instantes, quando a indecisão não teve vez.

Um redemoinho para cada um. Ela também deve ver-se em torno de milhares de possibilidades. O “se” nunca demonstrou piedade. Parece se testar por quanto tempo consegue se retrair e, enfim, ser tomada pelo ímpeto e ter sua arte de hesitar – na qual tem amplo domínio – invertida. Ele é novo, inusitado para ela e traz consigo atitudes igualmente inesperadas. Isso a encanta na mesma proporção que a assusta.

Lembrou-se de quando se afastou e ela segurou-lhe a mão. Enquanto acariciava sua mão, seus olhos diziam “ não desista.” Ele também tem gravado na retina como ela fica sem graça diante dele em certas ocasiões. Isso tudo o leva a sorrir. Simples bem estar, valioso bem estar. Xícara vazia.

Encontro em um charmoso café. A maneira com que a Srta Incógnita diz oi já é um aviso de ela continua na defensiva, pensa ele.

Trechos lidos e relidos. Ela não se contém de ansiedade ; quer que ele conclua logo e parte para uma ofensa gratuita:

- Você é lerdo pra ler? – sorrindo, é claro.

- É que gostei de várias partes...tô relendo.

- Ah ta.

Ambiente em perfeita simetria. Ele se lembrou que ao perguntar se ela queria mesmo no formato de um roteiro, ela soltou:

- Eu não quero nada...

Deve ter se arrependido porque mandou uma mensagem em seguida, “exigindo” o texto completo. E pouco antes, ela mesma havia tocado no assunto, recordando, como quem não quer nada, seu interesse crescente pelo roteiro.

“Quantas contradições ácidas/doces são necessárias para formar a Srta Inc.?

Ele pensa em iniciar um outro estágio. Momento incerto. Como diz uma letra de uma de suas bandas favoritas – senão for a maior --, deve ter se perguntado se a distância era segura. Diz com a boca e frisa com os olhos. Ele pensa no universo. Até quando afinal esses planetas vão ficar dispersos? Ri para si mesmo. Seguem-se as doses homeopáticas. Seria tímida? Não demonstra. Porém, perante certas situações ela perde a fala e fala qualquer coisa rapidamente ou, simplesmente, fita o chão e balança a cabeça negativamente. Ele permanece ali ao seu lado e repete o gesto. Se o que deseja é insistência, talvez ela consiga, já que ele sempre se aprofunda visando chegar tão próximo até que os detalhes fiquem palpáveis, nítidos ; quer sentir o aroma de cada partícula que compõe seu cabelo.

Os dois ficam à vontade. Rara sensação na qual palavras são indispensáveis e se pode passar horas em silêncio ao lado um do outro. Ali, os dois se bastam.

Breve silêncio, exceto pela música. Ela ainda parece manter um intervalo e aguarda alguma coisa, algum sinal, quando o mar estiver menos agitado, suas ondas calmas e não houver o perigo iminente da dor. Dor. Esquiva. Todavia, ele não sabe o que se passa no íntimo dela, ou pelo o que já passou. Tolice julgar.

Repentinamente, abre-se nova fresta. A voz dela ressoa em sua mente: “não vou mais dormir “ ; “vou ficar acordada a noite toda.” Ela tende ao exagero e sabe disso. Assim, pode ser que tema exaltar um sentimento e depois ver-se dentro de um reles barco, enfrentando uma tormenta no oceano atlântico...talvez tema perder o controle – habilidade efêmera. Difícil arte de distinguir o exagero da realidade. Ela quer um sentimento intenso sem se abdicar de sua lucidez. Ele: idem.

Já é tarde. Agora, ele encontra-se a caminho e precisa de uma lanterna. Uma vela, ao menos. Mais do que isso. Ele quer enxergar mais cores além do seu atual preto e branco.