sábado, 23 de abril de 2011

Cap 5: Início

Seu perfume ainda no casaco dele. Seu batom ainda marca sua camisa branca. O mundo em preto e branco começa a ganhar cores. Não parece mais tão pálido. E até aquela manhã de sábado inesperadamente cinza, anunciando chuva frágil, de repente se rendeu ao sol e sua luz revigorante. Em sua mão, uma xícara de café. Em sua boca: um sorriso pueril – simples agradecimento aos céus. Para um anúncio, uma prévia do que viria a acontecer.

Proust tinha razão. As lembranças são mais fortes e claras quando estão envolvidas em perfumes, embebidas em doce perfume. Toda vez que ele inspira a Srta Incógnita no seu casaco, imagens vêm a sua mente como que num passe de mágica. E então, num flash, ele consegue senti-la, quase poderia tocá-la. Recorda-se...desde cada abraço reconfortante – que ela tanto adora – até sua inquietação na fila. Sim, ela mal podia se conter. Vez ou outra, os dois ficaram se olhando diretamente até ela disfarçar – cena que se repete ao longo da noite -- e mexer no seu cabelo. Aliás, na dúvida, ela sempre mexe no seu cabelo sedoso. Quando começou aquele mútuo interesse, hein? Qual é o marco zero disso tudo. Tenta lembrar.

Ele ali, somente observando. Quando decide buscar sua suposta fila, logo ela aparece para lhe fazer companhia. Não o quer distante. Não vê a hora de entrar naquele bar e aguardar o momento. Chega a temer a não entrada dele devido à fila. Contudo, no fundo, ela sabe que não está a sós com a ansiedade. Ambos desejam e anseiam expor seus sentimentos de uma forma tangível naquela noite.

Entram no bar e logo vão buscar cerveja. Garganta seca. Na verdade, ela ainda fica indecisa por um tempo entre tomar tequila logo de cara ou pegar leve inicialmente com uma Heineken. Prefere beber a cerveja antes. E a banda já está no palco, pronta para as primeiras notas. Encontram um lugar teoricamente mais sossegado. O momento não está longe. Ele sente que ela já não se esforça tanto para não demonstrar interesse, já que fica ao lado dele o tempo todo. Por vezes, durante a conversa, ela chega perto para falar ao ouvido e ele faz caretas. Fica surdo. O ato é repetido algumas vezes e retribuído – sem intenção – posteriormente. Ela diz: “Ahh, não vou falar mais então”. E ele: “também não é assim...rs”. Os dois riem um para o outro. Claro, nada proposital. Aquele fotógrafo deveria ter aproveitado essa chance. Depois, num filme qualquer, ele ouve que a paixão, além de deixar as pontas dos dedos mais sensíveis, eleva a intensidade da audição quando os interessados estão próximos. Acha a explicação um tanto quanto engraçada. Mais algumas músicas. Assim, sua mão tão próxima a dela ; se esbarram. Ela não pensa duas vezes e meio que, automaticamente, sem olhar para trás, a segura firme. Mãos dadas. Então, ele continua curtindo o show como se fosse o Malcolm Young do AC/DC: batendo o pé no chão e bebendo sua Heineken. Entretanto, os dois sabem perfeitamente que o show – por melhor que seja – não passa de mais um coadjuvante nessa história. Ela diz que vai buscar seu amigo de longa data, José Cuervo. Os dedos continuam entrelaçados. Ela o trás consigo até o balcão. Ele fica ali, só vendo seu prazer em engolir o delicioso néctar. Voltam. A hesitação típica dela se esvai continuamente. Agora, está apertando as mãos dele e acariciando-as. Quer um abraço. Abraçados estão. Ele atrás dela. Levemente, ele beija seu ombro esquerdo e fica um tempo com a cabeça ali. Desnecessário dizer que ela quer manter o controle a todo custo, mas neste caso ela não o faz por prepotência e sim para incitar um clima que culminará em êxtase. Ele já entendeu o recado há muito tempo. Está gostoso assim. A pressa não é bem vinda ali.

Enquanto ela conversa algo com sua amiga e uma estranha que – parece – caiu de pára quedas no lugar, permanecem de mãos dadas. Em resumo, não se soltam por nada.

Ela inicia uma dança bem devagar. Lentamente, os dois vão parar próximos de uma mesa. A Srta Incógnita decide por fim se utilizar de sua mais recente “arma”: impetuosidade. Precisa aprimorá-la. A estratégia prossegue e então, ela vira-se. Frente a frente. Deixa a garrafa na mesa. Agora são os olhos que se cruzam e revelam que ambos estão desarmados. Ela sorri, desvia o olhar e abaixa a cabeça. Corpos balançando. Corpos abraçados. Um corpo. Uma eletricidade vai irrompendo através de cada célula viva. Ela o olha novamente. Ele acaricia seu pescoço com os lábios. Estes buscam seus irmãos. Breve esquiva. Sorriso. Longo beijo. Arrepiante. Ardente. Batidas de coração deixam o som ambiente em segundo plano. Ele a sente segurando seu queixo. Ele afaga seus cabelos. Quando voltam a se encarar, ela espera por uma feição sedutora e séria. Sedutora sim, mas:

- Você ri – sorrindo – Fica rindo.

- Hahaha...não dá prá evitar. Eu to feliz!

Ela quer dizer algo em seus ouvidos, mas ele repete uma careta:

- ... não grita...—calmo.

E ela como num gesto meigo:

- Ahh, desculpa.

- Tudo bem. – Com cara de idiota.

Novo abraço. Desejo de ficarem ali até serem expulsos.

Um beijo degustado aos poucos. Ele morde seu lábio inferior, não resiste. Reciprocidade no ar. Rostos próximos. Respiração vívida, quente. Os lábios se provocam. Para lá e cá. Aqui e ali. Sem se tocarem. Curtem a respiração um do outro. Mesmo ritmo cardíaco. Querem extrair o máximo daqueles momentos. Ele morde novamente o lábio dela. O prazer que ela sente é inenarrável, tamanha a volúpia do próximo beijo seguido por uma mordida forte no lábio dele.

- Tenho que ir ao banheiro – ela diz.

- Eu também.

Do mesmo ponto. Ela quer dançar. Ele a admira e chega mais perto para acompanhá-la.

- Hummm....você dança?Hahaha! não acredito! – Solta, surpresa..

- É claro que eu danço. Hahaha...

Ela se volta, apóia as mãos nos ombros dele e diz, olhando para cima, pensativa, prevendo todas as possibilidades:

-- Nossa...você dança mesmo.

Olhando para ele:

- Fiquei surpresa agora.

Ele apenas sorri.

Outro beijo. Ela se desequilibra.

- Aiii...vou cair, hahahaha.

- Não vai não. Eu to aqui – apoiando-a.

- Vou deixar uma marca.

Bela marca. Só depois em casa, ele percebe o vermelho em sua camisa branca. Ri sozinho.

Hora de ir. Cedo. Ficariam, facilmente, até às 10h, ele pensa; e encontra abrigo na face disposta dela. Muito cedo.

- Vai ficar? – Ela questiona.

- Sem você? – indisposto – jamais. Vamos.

Agora, a voz dela está, ligeiramente, mais rouca. Ele se delicia com isso, já que é uma das coisas que mais gosta nela. Srta Incógnita se expressa devagar, gesticulando.

Lá fora, um beijo de despedida breve, afinal:

- Não quero deixar ninguém esperando.

- Eu sei – Carinhoso.

- Vai com cuidado. Volta bem – atenciosa.

- Pode deixar – tranqüilizando-a.

Em casa, assim como ela, ele é invadido por dúvidas. Relembra a empolgação dela pré-bar. Nem sente fome e se tivesse algum dom mágico, ela teria acelerado todos os relógios. Sua curiosidade a impele a constantes incertezas, que a levam a mil perguntas. Sabe que ainda falta muito a conhecer, mas parece estar de braços abertos para receber o mundo dele. Um mundo que, gradativamente, recebe novas nuances de cores presenteadas por ela. Uma estrada se ilumina.

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Cap 4: Uma noite especial

O dia parece longo, a espera pela noite é compartilhada por ambos. Expectativas perpassam a cabeça dele. Empolgação toma conta do corpo dela. Ao longo do dia eles nem se falam e veem com tanta freqüência, mas isso não quer dizer que um não apareça no pensamento do outro. Parece que surgem pretextos desnecessários para um procurar o outro, e apenas fazer uma provocação aleatória. Eles gostam disso, e quem está em volta até percebe esse envolvimento, não tem como não notar.

Ela quer aproveitar a noite, e ele também, a seu modo preto e branco de ser. Talvez ela traga cores de diversas tonalidades para o seu mundo. Ele não parece querer recusar esse arco-íris.

Um convite, uma forma de pagamento, um ambiente diferente. Antes disso, um ensaio, na casa dele, o filme precisa ser melhorado. As falas de repente são esquecidas, na verdade elas parecem desnecessárias no contexto, e mais ações que não estavam no roteiro aparecem. Cadê o diretor pra botar ordem nas encenações? Não confiaria nos atores como os próprios diretores. A racionalidade às vezes desaparece, precisa de alguém de fora. Algum amigo envolvido na história talvez, um fã? Quem sabe..

Mais tarde, em outro ambiente não tão distante, o café foi substituído pela tequila mágica. O álcool fez a bebida ferver o corpo dela e embaralhar seus pensamentos. Dessa vez era o momento perfeito, a batida incessante deu o impulso que faltava.

Ele já a fitava, seus olhos cheios de desejo a queriam. Ela fingia não perceber, mas estava bem atenta aos movimentos. Um aperto de mão, olhares sugestivos, abraços, beijos no pescoço de repente relembra conquista. Inesperadamente ela se aproxima mais, provoca, ele não se contêm. A atração foi maior que o medo de rejeição. E dessa vez a rejeição não veio. O beijo foi intenso, longo. As batidas dos corações ecoavam mais do que a música que envolvia o ambiente.

Os corpos estavam muito próximos. Ela o abraça. Ela gosta disso, sente como se nada a pudesse atingir, uma espécie de conforto, proteção, segurança. O medo que ela talvez sinta não é um só, abrange muitas coisas e vai além da sua subjetividade. Nem ela sabe dizer o que ao certo.. Confusa, esse seria seu sobrenome perfeito.

Ele se revolta por ter tantas dúvidas ao seu respeito na cabeça, mas ela frustra-se também, por também não saber responder a maioria das perguntas sobre si mesma.

Enquanto isso, quando finalmente seus lábios se desgrudam relutantes a música volta ao normal. Ela resolve dançar, ele encosta na parede, põe habitualmente suas mãos no bolso e se delicia observando-a. Apesar de que, surpreendentemente ele a tira pra dançar, ela não esperava isso dele. Percebe que tem muitas coisas que ainda não sabe a seu respeito, e sinceramente não tem pressa de descobrir.

A noite passa rápida demais, e nenhum dos dois quer isso, se pudessem parar o tempo, seria algo a ser pensado. O encanto da lua os envolve mais ainda, e muito antes do esperado ela tem que partir. A marca do seu batom fica impregnado em sua camisa, assim como o beijo fica marcado em sua boca.

Em casa ela relembra os acontecimentos da noite passada. Dúvidas e incertezas invadem seus pensamentos.

Ela não é tímida, isso não combina com ela, mas ele consegue fazer com que ela perca a fala. O jeito que ele a olha é tão intenso que faz com que ela seja, de certa forma, obrigada a desviar o olhar. Mas ela paga na mesma moeda, nesse jogo em que não há vencedores nem perdedores, ela o insulta intrigando-o e fazendo-o sentir na pele o mistério que nele mesmo pairava. Será castigo?

Ele, em sua casa, também pensa, repassa os episódios, e com sua memória inigualável relembra cada palavra dita por ela, cada gesto, olhar. As cenas passam como um filme em sua mente, e uma idéia capciosa surge.. Decide fazer uma proposta a Morfeu. Trocar de lugar com ele por uma noite, e adentrar na mente da Srta Incógnita, desvendar seus sonhos, entender seus medos. Quem sabe assim descubra as “verdades” que tanto tiram seu sono. As dúvidas são muitas, e ela fica na defensiva para não revelá-las.

No sonho ele encontra duas frases ditas por ele e que a impressionaram de alguma forma, uma delas: “Você tem medo de se apaixonar”, ela sabe que não é isso que sente, pelo menos não no sentido literal da palavra. Talvez não seja medo a palavra certa, pode ser receio. Mil coisas passam pela cabeça dela, a situação não é tão simples quanto pode parecer, envolve passado, anseios. E ele não vai desvendar assim tão fácil.

Outra frase que se destacou na viagem pelos seus pensamentos foi sobre a apreensão dele de como seria a atitude dela após o episódio, questionava-se se ela fingiria que nada tivesse acontecido. Por quê as pessoas sempre pensam isso dela? Ela aparenta ser assim? Fria, calculista.. Essa mesma ‘estrategista’ é aquela que chora desesperadamente em filmes de romance. Nem todas as pessoas tem só uma face a ser mostrada, e com ela não é diferente.

O próprio F.C. 28 em poucos dias mostrou faces variadas a Incógnita, tudo propiciado pelas horas de conversas na madrugada. Ele se apresenta por capítulos assim como seus roteiros, e ela sente confiança de se mostrar também, aos poucos. Qual a previsão de tempo para toda essa descoberta? O universo pode conspirar a favor, ou não..

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Cap 3: Divagações

- Aiii...que friozinho maroto!

Ele sorriu:

- Só um minuto. Já volto.

Ele Volta com um casaco aconchegante. Ela abre seu sorriso. Sem preço. Tudo o que ele quer.

Ela: Ahhhh...obrigada.

Ele: Sorriso sarcástico? Não, desta vez. Nada mais do que pura satisfação.

- Bom, agora tenho que ir mesmo – ela lamenta.

- Eu sei – sorrindo.

E ela segue sorrindo a rua naquela manhã gélida. Ele demora a entrar. O corpo dela já desapareceu do seu campo visual, entretanto, ele detém o olhar na mesma direção. Reflete. Baixo. Chão. Alto. Tantas perguntas sem respostas o deixam em parafuso. Pobre Sr. 28 misterioso. Quem diria, hein? Refém do próprio mistério.

- O que significa tudo isso? – solta.

Contudo, tem algumas pistas. Ela não gosta de correr riscos – sua hesitação premente indica isso. Talvez algum medo, receio a contorne o tempo todo, ajudando-a a manter seu instinto de auto-preservação intacto. “Hesitar, evitar, não desejar...”?

- O que significa tudo isso? – Erguendo a cabeça com os olhos fechados. Inspira o ar enregelado a fim de amainar o calor do seu corpo. Assim permanece por alguns minutos. Pessoas passam do outro lado da rua, curiosas. Então, abaixa a cabeça lentamente, abre os olhos e volta para dentro. Mais café. Senta-se no sofá.

Degusta seu café com diversas conjecturas que fulguram em sua cabeça. Pode ser medo de se apaixonar. Relembra duas frases dela: “não sei se acredito”, “não confio em você”. Temor de não ser correspondida? Alguém pode tê-la magoado o suficiente para tal comportamento e, portanto, este seria legítimo. Se ela não confia, logo, acaba por colocar sob a mira da dúvida qualquer frase ou ato dele. Ele não almeja possuir a chave do universo...não é presunçoso a esse ponto. Deseja, sobretudo, encontrar um meio de revelar o quão prazeroso foi, por exemplo, sentir o toque de suas mãos ; o entrelaçar de dedos mesmo que por breves instantes, quando a indecisão não teve vez.

Um redemoinho para cada um. Ela também deve ver-se em torno de milhares de possibilidades. O “se” nunca demonstrou piedade. Parece se testar por quanto tempo consegue se retrair e, enfim, ser tomada pelo ímpeto e ter sua arte de hesitar – na qual tem amplo domínio – invertida. Ele é novo, inusitado para ela e traz consigo atitudes igualmente inesperadas. Isso a encanta na mesma proporção que a assusta.

Lembrou-se de quando se afastou e ela segurou-lhe a mão. Enquanto acariciava sua mão, seus olhos diziam “ não desista.” Ele também tem gravado na retina como ela fica sem graça diante dele em certas ocasiões. Isso tudo o leva a sorrir. Simples bem estar, valioso bem estar. Xícara vazia.

Encontro em um charmoso café. A maneira com que a Srta Incógnita diz oi já é um aviso de ela continua na defensiva, pensa ele.

Trechos lidos e relidos. Ela não se contém de ansiedade ; quer que ele conclua logo e parte para uma ofensa gratuita:

- Você é lerdo pra ler? – sorrindo, é claro.

- É que gostei de várias partes...tô relendo.

- Ah ta.

Ambiente em perfeita simetria. Ele se lembrou que ao perguntar se ela queria mesmo no formato de um roteiro, ela soltou:

- Eu não quero nada...

Deve ter se arrependido porque mandou uma mensagem em seguida, “exigindo” o texto completo. E pouco antes, ela mesma havia tocado no assunto, recordando, como quem não quer nada, seu interesse crescente pelo roteiro.

“Quantas contradições ácidas/doces são necessárias para formar a Srta Inc.?

Ele pensa em iniciar um outro estágio. Momento incerto. Como diz uma letra de uma de suas bandas favoritas – senão for a maior --, deve ter se perguntado se a distância era segura. Diz com a boca e frisa com os olhos. Ele pensa no universo. Até quando afinal esses planetas vão ficar dispersos? Ri para si mesmo. Seguem-se as doses homeopáticas. Seria tímida? Não demonstra. Porém, perante certas situações ela perde a fala e fala qualquer coisa rapidamente ou, simplesmente, fita o chão e balança a cabeça negativamente. Ele permanece ali ao seu lado e repete o gesto. Se o que deseja é insistência, talvez ela consiga, já que ele sempre se aprofunda visando chegar tão próximo até que os detalhes fiquem palpáveis, nítidos ; quer sentir o aroma de cada partícula que compõe seu cabelo.

Os dois ficam à vontade. Rara sensação na qual palavras são indispensáveis e se pode passar horas em silêncio ao lado um do outro. Ali, os dois se bastam.

Breve silêncio, exceto pela música. Ela ainda parece manter um intervalo e aguarda alguma coisa, algum sinal, quando o mar estiver menos agitado, suas ondas calmas e não houver o perigo iminente da dor. Dor. Esquiva. Todavia, ele não sabe o que se passa no íntimo dela, ou pelo o que já passou. Tolice julgar.

Repentinamente, abre-se nova fresta. A voz dela ressoa em sua mente: “não vou mais dormir “ ; “vou ficar acordada a noite toda.” Ela tende ao exagero e sabe disso. Assim, pode ser que tema exaltar um sentimento e depois ver-se dentro de um reles barco, enfrentando uma tormenta no oceano atlântico...talvez tema perder o controle – habilidade efêmera. Difícil arte de distinguir o exagero da realidade. Ela quer um sentimento intenso sem se abdicar de sua lucidez. Ele: idem.

Já é tarde. Agora, ele encontra-se a caminho e precisa de uma lanterna. Uma vela, ao menos. Mais do que isso. Ele quer enxergar mais cores além do seu atual preto e branco.